segunda-feira, 30 de julho de 2012

AULAS DE REFORÇO - SIM OU NÃO? EIS A QUESTÃO.

Atenção: Essa postagem ainda não está terminada.





Muitas pessoas me perguntam:



- Professor: devo colocar meu filho no reforço? Ele está tirando notas baixas, e, sozinho não conseguirá passar de ano.



- Que devo fazer?



Para essa questão tão séria, vamos analisar alguns pontos cruciais e verificarmos as razões, necessidades e o momento mais adequado na decisão de colocar o aluno no reforço.



Para isso, elencaremos alguns fatores que supostamente indicariam a dificuldade de aprendizado na infância, refletiriam na vida acadêmica e se estenderiam no exercício profissional de graduados e pós-graduados.



Sejam:



 Falta de embasamento no ensino fundamental:



Como sabemos as primeiras séries do desenvolvimento do conhecimento são preponderantes para o crescimento intelectual de uma pessoa.



Nesta fase se os ensinamentos ministrados forem precários ou mal elaborados, certamente proporcionarão verdadeiros estorvos nas séries seguintes criando o chamado “efeito dominó” transformando, desta forma, uma verdadeira tragédia pedagógica na existência do indivíduo.



Fica, realmente, difícil determinar que essa seria a causa primária do grande número de reprovações registradas pelas instituições escolares, mas, sem dúvida, é uma das mais relevantes.



Isso porque um ano letivo é pré-requisito dos posteriores, um assunto prepara o aluno para o aprendizado do seqüente, e assim por diante. Por exemplo, não se aprende uma sílaba se não se conhece as vogais e consoantes. Não se aprende a multiplicar se não se sabe somar. Não se entende o mundo de hoje sem se conhecer a sua história. Então se a base é mal feita o resto da construção será débil, essa é uma lei e uma condição sine qua non.



Nota-se, também, que algumas matérias apresentam mais dificuldade de aprendizado que outras. Matérias que estão na preferência do alunato, em geral as ligadas às ciências humanas como história, geografia, artes, filosofia, etc. neste caso excetuaremos à Língua Portuguesa, que muitos se queixam das dificuldades e da complexidade natural do idioma.



A disciplina mais temida, sem sombras de dúvidas, é a matemática e suas co-disciplinares, tais como: química, física, estatística, etc. analisando isso mais de perto, apontaremos uma razão muito simples que discorreremos a seguir:



Nas décadas passadas o ensino médio no Brasil tinha um caráter profissionalizante e era dividido, mais ou menos, na seguinte forma:

• Científico – que tinha sua base pedagógica nas ciências exatas;

• Contabilidade – voltado para o comércio e seus processos;

• Liceu – ensinando as artes e a filosofia, e;

• Magistério - preparatório de professores das classes iniciais.



Lembramos que em nossa juventude, na quarta-série do ensino primário (assim era chamada a etapa do ensino que hoje se denomina ensino fundamental), antes do teste de admissão, alguns alunos, em geral as meninas, preferiam o magistério a outros cursos a fim de fugir da famigerada matemática, pois, a mesma não era muito exigida nesse seguimento educacional.



Para quem não sabe, o teste de admissão era uma espécie de vestibular que dava o direito do ingresso aos alunos da quarta-série primária ao primeiro ano ginasial, hoje ensino médio.



Assim, esses profissionais eram formados com certa aversão por essa matéria, que também não era muito requerida ou trabalhada de forma incisiva e elaborada. poderiam ensinar satisfatoriamente essa disciplina sem afetar a qualidade desse ensino/aprendizado?



Então, como conseqüência, esta problemática se arrasta de geração em geração do alunato sendo uma das principais causas das notas baixas e dos fracassos nos anos letivos dos diversos níveis acadêmicos da educação no Brasil.





 Cultura da não leitura





Infelizmente, aqui no Brasil o hábito de ler não faz parte da nossa cultura, em geral queremos tudo pronto, resumido, sumariado e de compreensão imediata, relegando os textos mais longos a uma atividade enfadonha e tediosa.



Nas postagens anteriores damos um enfoque maior sobre a leitura e seus aspectos e nesta ocasião podemos observar que ler está intrinsecamente associado à compreensão e entendimento do texto, ou seja, se o indivíduo apenas passa a vista no escrito de uma folha de papel, por exemplo, e entende parcialmente a mensagem apresentada, podemos afirmar que não houve leitura ou houve apenas uma leitura fragmentada e precária, relegando a compreensão do texto aos anais da inferência, o que representa um perigo às conclusões ora obtidas.



Em brincadeira nas salas de aula que leciono, proponho aos alunos um teste de inferência, que sempre dá o mesmo resultado:



Digo a todos que o sufixo “ite” significa o designativo de doença inflamatória do órgão, tecido, etc., a que se refere o radical: amigdalite – inflamação nas amígdalas; bronquite – inflamação nos brônquios; gengivite – inflamação na gengiva.



Quando eu pergunto a todos o que é estomatite? Respondem rapidamente:



- é inflamação do estômago.



A inferência provocou o erro, pois, inflamação do estômago é gastrite. Estomatite é inflamação na boca, pois, estoma vem do Grego Stóma que traduzimos por boca.



O descuido com a leitura provoca o que chamamos de “fórmula pronta”, ou seja, uma associação cadenciada do que foi aprendido com o que está sendo exposto a resolver.



Muitos alunos esperam a similitude entre as aulas dadas e os exemplos apresentados com os exercícios propostos tentando enquadrá-los e resolvê-los de maneira padronizada.



O problema aparece quando na resolução, pois, nem tudo se resolve da mesma forma, as variáveis e nuanças dão sempre um novo sentido e interpretação modificando a forma e os processos de condução no desfecho do que foi pedido.



Ora, se tudo fosse resolvido ou processado da mesma forma, bastaria a confecção de um carimbo deixando tudo pronto de maneira prática e rápida.



Felizmente não é assim que “a banda toca”.



Outra questão a ser analisada sobre a leitura é a negligência do ato de ler. Alguns alunos recorrem a decoreba, ou seja, aprender o assunto de cor sem assimilação. Esse procedimento pode ser até eficaz momentaneamente, mas sem essa fixação os ensinamentos são volatizados e perdidos permanentemente.









Por problemas técnicos essa matéria não está concluída, mas iremos retomá-la brevemente.





sábado, 30 de abril de 2011

CURRÍCULOS: Saiba como fazer o seu.

  

   Vai aí algumas dicas de como fazer seu currículo mais eficaz.



O currículo é a primeira comunicação entre o candicato e a Empresa, deixe que a primeira impressão   "impressione".




      Atendendo alguns pedidos e com a finalidade de dirimir as dúvidas, apresento-lhes alguns tópicos de correção dos currículos. Lembro a todos a necessidade de se referir a essas correções como sugestões apenas e não corrigendas propriamente ditas.

      Assim o currículo analisado é a primeira comunicação que o candidato passará para a empresa, sendo, muitas vezes, uma pré-seleção com possibilidades de corte nesta fase. Constituindo desde já um prejuízo àquele que pleiteia um cargo na organização.



Sugestões para um bom currículo:

1. A estrutura deve estar enquadrada nas normas da ABNT, sendo:



• Margens: Superior e esquerda = 3,0 Centímetros;

Inferior e direita = 2,0 Centímetros.

• Fonte: Arial ou Times New Roman

• Tamanho da Fonte = 12

Para o nome do candidato ou a palavra “currículo”, o tamanho pode variar até o 18.

• Cor da fonte = Preta, evitar colorir o currículo, pois dá um aspecto infantil.

• Espaço entre as linhas = 1,5 linhas.

• Alinhamento: Justificado para ambas as margens.

• Folha em papel ofício A4 Branco polar, evitando outro tamanho ou papel reciclado.



Observações:



• Se optar por usar a frase “Curriculum Vitae”, escrito em latim, deve ser usadas letras em Itálico, o que indica a escrita em língua estrangeira, ficando: “Curriculum Vitae”.

• A palavra “Currículo” ou “Curriculum Vitae”, podem ser grafadas na área do cabeçalho e alinhadas à direita; precedida por uma linha.

• Evite enfeitar muito a estrutura do currículo, usando barras grossas, desenhos, floreios, nomes na vertical, etc.

• Barras finas e horizontais para separação dos tópicos é recomendável para organizar a estrutura.

• Evitar colocar no final do currículo o nome completo do candidato em uma fonte de estilo diferente do corpo do texto, simulando uma assinatura.



2. Foto:



Só deverá ser anexada ao currículo se solicitada pela empresa, evitando assim, colar ou trazê-la impressa.

3. Carta de apresentação



Só deverá ser anexada ao currículo se solicitada pela empresa.



4. Nível das informações:



• As informações devem ser claras, simples e objetivas, organizadas por tópicos.

• Revistar o texto para evitar erros gramaticais e de ortografia.

• Incluir informações que correspondam o que a empresa está pedindo.

• Registrar informações que possam ser comprovadas.

• Apresentar as informações em ordem cronológica decrescente, ou seja, da mais recente para a mais antiga.

• Colocar os dados em seus devidos lugares para evitar confusão de informações.

• Enviar o currículo original, dispensando cópias ou laudas de papel-carbono.



5. Tópicos:



• Dados pessoais: nestes campos indicamos apenas endereço, E-Mail e telefones para contato.

Evitamos: Números de documentos, pois, se solicitados apresentamos na empresa na fase de seleção.

Em alguns currículos verificamos neste campo a indicação da habilitação de motorista, que deveria constar em informações adicionais ou em habilidades e competências.



• Objetivo: deve constar a área de interesse, o cargo pretendido ou sua intenção como colaborador da empresa. E recomendável que para cada currículo enviado, se proponha um objetivo diferente, evitando-se assim os “pré-moldados”.



• Escolaridade: o ultimo curso oficial realizado, devendo constar o nome da instituição e o ano de conclusão. Em caso de formação superior completa o termo “escolaridade” deve ser subtituido por formação “acadêmica”, indicando-se qual a istituiçao de graduação e de pos-graduação, ano e período do curso.



• Demais cursos: nesse tópico devem ser indicados os cursos extras realizados, inclusive cursos de idiomas e profissionalizantes, habilitações, capacitações e assim por diante. Retratando sempre o ano de conclusão, período e carga horária.



• Experiência Profissional: nesse tópico devem ser indicados os empregos de carteira assinada e contratos de trabalhos, indicando a empresa, período, e se possível fone de contato para confirmações posteriores. Dispensa-se, nesse caso, a razão da demissão,podendo ser exposta no momento da entrevista seletiva.





• Estagio realizados: è de bom tom, separar as experiências profissionais dos estágios, isso facilita a análise do currículo quanto ao perfil profissional do candidato. Nesse tópico devem ser indicadas as empresas, retratando sempre o ano de conclusão, período e carga horária.



• Habilidades e competências: nesse campo devem ser indicadas, pontualmente, todas as habilidade e competências do candidato, inclusive seu nível de habilitação de motorista, que deve constar em primeiro plano da lista.



• Informações Adicionais: nesse local indicaremos Idiomas; mencionar o grau de conhecimento, atividades voluntárias, atividades desportivas, vivência internacional, disponibilidade para viagens, veículo próprio, estado civil e tudo mais que se considere relevante.



• Referências pessoais: ponto facultativo e até mesmo dispensável, visto que ninguém iria indicar uma pessoa que desabonasse sua conduta pessoal e profissional.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

DIVERSIDADES E TIPOS DE LEITURA

    Como sabemos, a leitura não desabrocha de forma espontânea como algumas de nossas faculdades, demanda tempo, exercício e dedicação disciplinada. Seu desenvolvimento é processual, constante e crescente; considera algumas etapas e segue uma delineação individual.



        Sendo assim apresentamos os tipos de leitura mais comuns e algumas de suas nuanças, salientamos que será apenas uma passagem sintética como suplemento desse tema, pois discorrer e pormenorizar assuntos tão ricos, em apenas uma obra não é o bastante para conter as informações pertinentes e necessárias para termos uma boa exposição.



Pré-Leitura



          É comum se achar que após a leitura de uma obra ou de um texto teremos a nossa disposição uma compreensão plena no final desta tarefa, existe aí um grande equívoco, pois isso só é realmente possível em duas condições extremas: se o texto ou a obra em questão forem muito singelos, ou, se o leitor for muito eficiente.




          Vemos inúmeros relatos de pessoas que afirmam ler uma determinada página e ao final não conseguem entender ou interpretar na integra o que foi lido, isso evidencia que esse leitor não está plenamente preparado para o exercício da leitura, seu cérebro ainda está em fase de adaptação cognitiva e as áreas responsáveis pela leitura profícua não foram devidamente ativadas, ficando essas informações na memória de trabalho, sendo, portanto, de conteúdo volátil se perdendo na própria estrutura do sistema de assimilação, reconhecimento e arquivo de dados.

      A Pré-leitura ou scanning tem a função de realizar um reconhecimento exploratório preliminar da leitura, é uma passagem visual rápida pelo texto sem a pretensão da fixação ou da compreensão plena do escrito.

       Nesta oportunidade é muito importante que o leitor comece a relacionar as palavras cujo significado ele não conheça para posteriormente encontrar seus sinônimos, o que tornará mais fácil e proveitosa no momento da releitura. Isso pode ser feito grifando as palavras, escrevendo-as em separado ou no local reservdo no próprio escrito.

        Outro procedimento a ser tomado para orientar o leitor naquilo em que sua atenção deve estar voltada é denominado de skimming.


      O skimming é uma ação pré-cognitiva onde o individuo, numa visão macro, busca no próprio texto, sumário, ilustrações, capas, contracapa, títulos, subtítulos, resumos, etc. elementos que possa lhe dar uma noção daquilo que ele vai ler, dando-lhe uma boa idéia sobre o tema abordado. Esse procedimento estimula a organização do pensamento e rebusca na memória lembranças de assuntos correlativos com o tema, sendo responsável por uma boa parcela do entendimento inicial do texto.

        As palavras-chaves são vocábulos que contem a idéia integral do texto, isso faculta a localização dos possíveis sítios onde se encontram os argumentos ou partes do assunto que se pretende focar.

        Exemplificando: vamos supor que um aluno tenha sido incumbido de fazer um trabalho de história com o tema “A Revolução Pernambucana de 1817”, o primeiro passo é encontrar uma fonte correspondente à matéria: História; História do Brasil; História de Pernambuco; História das Revoluções Pernambucanas; “a Revolução Pernambucana de 1817”. O skimming, nesta acepção, funcionou como argumento de busca utilizando as seguintes palavras-chaves: história, revolução, pernambucana e 1817.

        De posse da fonte e com o texto em mãos procede-se a pré-leitura, a leitura e posteriormente a realização do trabalho.

       Assim, a pré-leitura pretende instigar um clima de interesse investigativo que possibilita ao leitor, o vislumbre de aumentar seus conhecimentos, obter maiores informações ou fazer uma analise crítica dessa literatura sem o compromisso inicial de especular questões de ordem semântica, gramatical, ortográfica ou estrutural do texto.

      Por essas razões é interessante para uma melhor compreensão e fixação do texto, uma leitura preambular rápida procurando fazer uma breve apreciação do que está escrito, procurando deter nas palavras mais difíceis e pouco usuais buscando seus sinônimos e relacionando-os com o sentido que se quer denotar, em seguida partir para uma leitura mais atenta.



Leitura Fragmentada


 


        Muitas pessoas afirmam que não gostam de ler porque isso lhes causa fadiga, ou ao terminar um texto não conseguem compreender seu conteúdo, acham-se dispersas, desconcentradas e sentem que não houve um aproveitamento satisfatório das informações contidas nesses escritos.

    Não estamos falando aqui nos casos comprovados de dislexia, ou de qualquer transtorno de ordem patogênica relacionados com a leitura e a escrita. Reportamo-nos da falta do exercício mental e da constância exigidas quando optamos pelo hábito de ler.

      Isso acontece por diversas razões, à principal ocorre pela falta de disciplina e continuidade que esse costume exige. Dessa forma a pessoa lê, compreende as palavras uma a uma: separadamente, mas não conseguem associar o sentido na construção das frases, parágrafos e por fim o texto.

      Com a dificuldade presente nessa associação de palavras, frases e parágrafos as mensagens e as informações ali contidas perdem seu senso e o escrito vira um emaranhado literário incompreensível e enfadonho: é o ler sem compreender.

      O mecanismo cognitivo responsável por essa dificuldade já foi comentado anteriormente quando versamos sobre as relações da memória de trabalho e memória intermediaria. Em virtude da precariedade da leitura, a decifração ocorre com poucas unidades significativas que vão se perdendo com o passar do tempo, então apenas as informações que forem mais usuais ficam retidas nos níveis superiores da cognição, portanto em fragmentos.

      Alguns autores definem esse tipo de leitura como decifratória, que tem como principal característica o pequeno esforço empregado no ato e a atenção geralmente dispersa em verter o texto escrito em elementos mentalmente compreensíveis e decifráveis.

        Outro motivo contundente é que os textos contidos nos livros, jornais e revistas, embora estejam em nosso idioma, nem sempre usam palavras que estão na linguagem usual das pessoas, ou seja, é muito comum o uso de enunciados carregados de expressões de erudição lexical, pidgins, regionalismos, vocábulos próprios de determinadas profissões, etc., tudo isso dificulta a compreensão e interpretação desses escritos.

        Outra razão preponderante se encontra na obrigatoriedade imposta pelas instituições de ensino, testes vestibulares, provas classificatórias de certos cargos profissionais, que compelem as pessoas de lerem livros pouco populares e de difícil compreensão em nome da cultura de elite. Na realidade isso prova nada, pelo contrario se perde um tempo precioso na aplicação e correção de exames que não medem nem o potencial nem as competências de um indíviduo, apenas cria um grau de dificuldade efêmera e improdutiva.

     Tudo isso causa desmotivação no hábito de ler, principalmente quando não se vislumbra objetivos práticos e concretos, que possam levar um fim produtivo, ninguém investe naquilo que não lhe traga resultados e desenvolvimento.


Leitura Integral

     Chamamos de leitura integral a forma de ler com plena compreensão e interpretação do que está escrito. Esse tipo de leitura é caracterizado pelo amadurecimento e pela condição disciplinar alcançada pelo cérebro no exercício contínuo e perseverante do ato de ler e que eleva de forma eficaz o condicionamento intelectual.

     Nessa fase o individuo tem a capacidade de associar perfeitamente as frases e parágrafos, compreender sistematicamente e de forma coerente todo conteúdo, inclusive com a condição de memorizar ou absorver determinados trechos, frases ou citações.

    Todavia, é importante salientar que mesmo com a percepção efetiva no exame de um escrito a formação critica sob o assunto poder bastante prejudicada, devido ao fato de que a criticidade depende do cabedal de conhecimentos anteriores do assunto em questão.

    Neste caso em particular, a associação é ao nível cognitivo que dá ao leitor elementos de comparação do assunto abordado com as matérias previamente conhecidas juntamente com a opinião já formada, constituindo assim um encadeamento de idéias na formação de um novo pensamento ou no desenvolvimento e maturação dos conceitos e informações existentes.

      Isso implica dizer que para que o indivíduo tenha a criticidade apurada e assisada é necessário muita leitura e muito estudo dentro de um determinado assunto para que possa obter elementos efetivos das diferenças e relações contextuais.

     Dessa forma não devemos confundir a leitura integral com a leitura corrida, enquanto uma se atenta aos detalhes e a compreensão do texto, a outra só se detém em elementos decifratórios e automatizados.



Leitura Dinâmica



       Na Leitura Dinâmica, diferentemente das outras formas de ler, utilizam-se métodos e técnicas de leitura que permitem a decifração substanciada, instantânea e em blocos de um juízo ou pensamento na forma integral, evitando-se, portanto, a decifração de uma cadência de idéias seqüenciadas e linear, como se dá geralmente na leitura comum.

      Conhecida também como leitura rápida, leitura acelerada, ou nos casos mais avançados: a leitura fotográfica. A leitura dinâmica tem como característica primordial a forma diferenciada da entrada de informações em nossa base neural de conhecimentos. Essa peculiaridade, assim como o próprio ato de ler, pode ser desenvolvida progressivamente através de técnicas especiais e muito treino, pois carece que o cérebro esteja bem adaptado a essas funções que são adquiridas por intermédio de uma neuróbica exaustiva e perseverante.

      Salientamos que nesta acepção não devemos confundir com a leitura corrida: que é o tipo de vocalização textual sem levar em conta o significado e a compreensão do escrito.

       O leitor trivial realiza sua leitura como se fosse um sussurro, decifrando e pronunciando vocalmente ou mentalmente o que a sua percepção visual capta no escrito, ou seja, letra por letra, silaba por silaba, frase por frase, etc., muita vezes tendo que realizar uma releitura para começar a entender o conteúdo exposto.

       Quando a leitura é dinâmica e já está bem desenvolvida no indivíduo, este decifra o texto em blocos: de palavras, de frases ou parágrafos inteiros. A mente desta pessoa não produz o efeito da vocalização sussurrante, pois o processo se sucede no plano puramente cognitivo; sua visão é lateralmente ampliada, em virtude do desenvolvimento e utilização da visão periférica; e, sua compreensão é instantânea, pois o nível de inferência é elevado. Funciona como quem olha uma fotografia rapidamente e consegue distinguir e assimilar todos os detalhes de uma única vez.

      Alguns autores chamam de visão gestáltica, que conforme o dicionário do Aurélio Buarque de Holanda (1999):

“relativo aos fenômenos psicológicos e biológicos, que veio a alcançar domínio filosófico, e consiste em considerar esses fenômenos não mais como soma de elementos por isolar, analisar e dissecar, mas como conjuntos que constituem unidades autônomas, manifestando uma solidariedade interna e possuindo leis próprias, donde resulta que o modo de ser de cada elemento depende da estrutura do conjunto e das leis que o regem, não podendo nenhum dos elementos preexistir ao conjunto”.

Isto é, a visão que parte de um todo convergindo para o pontual.

       Em suma, na leitura dinâmica não se vê o texto, mas se compreende a idéia ou o conjunto dessas idéias integralmente e instantaneamente. Na utilização de métodos e técnicas adequados adicionados a exercícios constantes, qualquer pessoa pode adquirir, desenvolver e executar este tipo de leitura.



Leitura Profícua
     A leitura e seu desenvolvimento estão intrinsecamente ligados ao exercício mental e habitual que imprimimos ao cérebro. O processo deve ser gradual, crescente e sistemático até que se chegue a um nível de excelência satisfatório às necessidades do indivíduo.

   Aconselha-se que se comece por edições simples e pequenos escritos, desde que agradáveis ao nosso gosto e associados a temas que estão ao nosso inteiro alcance intelectual, com o objetivo de posteriormente passarmos a adquirir a condição da leitura e interpretação de textos mais complexos, criar simpatia literária ao ponto de se tornar prazeroso esse ato.

   Comparamos a um exercício físico: se o esforço for demasiado aos primeiros dias, o individuo será afetado por uma fadiga muscular seguida de dores e conseqüentemente a desmotivação. Enquanto que se o esforço despendido for paulatino, a musculatura aos poucos irá se adaptando a nova condição resultando num condicionamento satisfatório.

   Para se ler o nosso estado emocional deverá estar apto, sereno e em receptividade aguçada para haurir os inúmeros estímulos e impressões de ordem psíquicas. Conseqüentemente, não é concebível que um indivíduo escolha um momento de leitura quando esteja preocupado com outras coisas; se encontre cansado de um dia exaustivo; perturbado com problemas do cotidiano; ouvindo música em volume alto; sem conforto ou condições ambientais favoráveis para a atividade, e mesmo assim tirar um bom proveito do conteúdo ora apresentado.

     Portanto urge atentar para a importância de ações higiênicas para dar uma infra-estrutura no momento do ler. É possível tornar a leitura produtiva e bem compreendida apenas observando os fatores externos que influenciam diretamente nessa atividade. Como os seguintes:

• Fatores fisiológicos – Ligados diretamente à saúde e bem estar do nosso organismo: boa disposição corporal; estado normal e periódico de repouso; ausência de incômodos orgânicos, acuidade visual, etc.

• Fatores ambientais – Estão associados às boas condições do espaço físico ao nosso redor: luminosidade, temperatura ambiente, ventilação, sonoridade, conforto e ausência de elementos dispersantes, por exemplo, uma janela voltada para uma rua movimentada ou o movimento de animal de estimação.

• Fatores psicológicos – relacionados com o momento emocional de um indivíduo, para incentivar a atenção, motivação, emoção, etc.

• Fatores metodológicos – envidar métodos, processos e técnicas para que a leitura seja a mais produtiva possível. O exercício e a disciplina diária podem coligir para produção e desenvolvimento dessas técnicas.

• Fatores intelectuais – Referem-se aos conhecimentos adquiridos pelo indivíduo, é inegável que quanto maior a coletânea de informações e vocábulos que um indivíduo é portador mais fácil será a interpretação e compreensão dos textos.

     Desta forma poderemos solver o máximo de informações sem que isso seja um suplício traumatizante e aversivo, a leitura faz parte do desenvolvimento intelectual humano, pois é a pedra basilar dos estudos e da transmissão de conhecimentos.



quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E CRÍTICA



Leitura

       
        Ler não é somente ver como quem enxerga um objeto  e a compreensão não é atributo único da leitura, é muito mais abrangente porque envolve a manifestação cognitiva dos cinco sentidos do ser humano, ou seja, nós temos a condição de diferençar quando uma formiga caminha por nossa pele de um toque de dedos chamando a nossa atenção; distinguir os sabores doce, azedo, amargo e salgado dos alimentos; reconhecer a diversidade e intensidade dos sons; saber com exatidão cada fragrância das emanações voláteis dos corpos, tudo isso causando-nos impressões diversas.

         A visão, considerada o mais importante dos sentidos do homem, consegue distinguir as cores, formatos, texturas, tamanho, profundidade, proximidades e imediações, tudo isso de forma tridimensional. A isso chamamos de reconhecimento, que se processa igualmente aos outros sentidos. No caso, o ato de ler abrange outros aspectos: percepção sensorial, reconhecimento, compreensão, decifração e cognição.

      Como sabemos a leitura é uma atividade intelectual, progressiva e não espontânea. Partindo do ponto zero, o que chamamos de tábula rasa, para se ensinar a ler deve-se institucionalizar uma criança na sua segunda fase da infância para que com a orientação especializada e o contato social com outras de idade aproximada, possa com mais eficácia ter os primeiros contatos com as estruturas que construirão o hábito de ler.



      Segundo o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão ligado ao Ministério da Educação: a infância se divide em três fases: a primeira que vai de zero aos três anos, quando na formação da primeira dentição; a segunda dos três aos sete anos com a segunda dentição e a terceira terminando com o aparecimento da puberdade sendo que com as meninas aos doze anos e os meninos ao quatorze anos, aproximadamente.


       Embora que muitos pais introduzam seus filhos na escola a partir da segunda metade da primeira infância, é a fase seguinte mais adequada para os primeiros contatos com os elementos cognitivos da leitura: é quando se passa a conhecer as primeiras letras e seus fonemas, o elo da ligação visual gráfica e ao som que ele representa fazendo a correlação com seu vocabulário adquirido, auxiliado por imagens conhecidas do seu cotidiano: animais, plantas, objetos, etc.


       Com a continuação dos estudos o passo seguinte são as combinações grafemáticas formando as sílabas e monossílabos, dando-lhes o sentido e associando-os com temas mais complexos, porem de fácil alcance; então continuando até a formação das palavras, cuja ordem das seqüências inteligíveis formará as frases e períodos, que por sua vez em coleção construirá os textos. Sempre de forma seqüencial, crescente e sistematicamente progressiva. Esses textos existem para exprimir as idéias de seus autores, pois a escrita é a forma de representar graficamente o som. Como o som se perde ao vento, surgiu desde cedo à necessidade do homem em registrar os ditos tanto das celebridades quanto dos entes humildes e apagados na estrutura social.




      O encadeamento dessas idéias escritas edifica uma nova estrutura textual de compreensão e assimilação, função basilar das obras literárias de qualquer assunto: o contexto. Contextualizar significa conceber o texto como um todo, arquitetar a ordem e o sentido do pensamento de forma que a composição possa ter uma função de impressionar nossa percepção organoléptica e emocional, é a constituição da expressão pessoal do autor em mensagens expostas do que é concreto ou abstrato que lhe sai do intimo criativo e dissertivo.



        O hipertexto é um sistema mais complexo, pois consiste em uma maneira de apresentar e de organizar vários escritos ao mesmo tempo, formando blocos de textos articulados e interligados em conexões diversas e associativas, entretanto numa única linha de estrutura de pensamento ou idéia. 
Importante observar que as articulações do hipertexto seguem uma direção lógica e precisa que dependendo da riqueza de informações que se quer apresentar pode ter característica multidisciplinar.




Interpretação


       Quando se fala em simplesmente ler, entende-se que seja a decifração daquilo que está escrito apenas. Isso acontece porque existem pessoas que lêem de forma corrida, compreensível aos ouvintes, no entanto não sabem o que está lendo, ou seja, recitam a escrita, mas não entendem o seu contexto.


       São os chamados leitores precários e desqualificados que se ocupam em declamar os escritos para outras pessoas, como é o caso de diversos pregadores que encontramos não raramente em praças públicas recitando passagens bíblicas; vendedores ambulantes que lêem propagandas de medicamentos na venda de remédios avulsos; candidatos políticos, especialmente na zona rural, com seus discursos pré-escritos e mal elaborados, etc. Embora leiam corretamente em virtude de um treinamento, dificilmente sabem o significado dos vocábulos ali presentes porque são pouco usuais, portanto nota-se claramente a inexistência da compreensão lexical.  

         A interpretação propriamente dita é um plano diferenciado da leitura cognitiva, quem a adquiriu pode ser é considerado como um leitor qualificado, pois alem de decifrar palavra por palavra ele entende o significado da mensagem que o texto tenta exprimir.
     Muitos se enganam por achar que interpretar é uma atividade simples e directiva com apenas uma linha reguladora que traça e leva a termo um plano de ação decifratório, no entanto tornar suficientemente claro o sentido das palavras, frases e textos abrange muitos elementos e sob diferentes aspectos.

      Na Língua Portuguesa, por exemplo, a posição de um sinal de pontuação modifica completamente o sentido de uma frase; uma palavra que tem inúmeros significados pode confundir o leitor e deturpar a mensagem que o autor quer transmitir, especialmente se este vocábulo estiver associado a gírias e expressões idiomáticas; expressões anfibológicas: construídas com ambigüidade de sentido, quem ler perde a referência do escrito; os pídgins pertencentes a determinadas profissões muitas vezes formam um dialeto a parte e restrito, como nos casos da linguagem dos profissionais da informática, médicos, advogados, etc.



Observemos as seguintes frases:


a)     Quem canta seus males espanta!
b)     Quem canta seus males, espanta!
c)      Ela tem um comportamento legal.
d)     Ia pela estrada o menino, o bezerrinho e a sua mãe.
e)    O paciente está acometido de cefaléia de etiologia edemática.

      Nos exemplos A e B: podemos observar que apenas uma vírgula modificou completamente o sentido da expressão. No exemplo C o termo “legal” pode se referir: de acordo com a lei ou simpatia. Na frase D: o termo “mãe” estaria relacionado ao menino ou ao bezerrinho? E por fim, a última expressão é carregada de termos médicos de difícil acesso aos leigos.


       Conclui-se, então, que para interpretar bem um escrito se faz necessário um conhecimento amplo, apurado e multidisciplinar, em suma: quanto maior o vocabulário lexical que uma pessoa detém, mais fácil e maior será a capacidade de compreensão literária do indivíduo. Por isso é que denominamos de leitor qualificado.



Crítica


      Epistemologicamente falando, criticar é uma faculdade do ser humano em conjecturar, analisar, apreciar e exercer julgamento de uma determinada matéria ou assunto, emitindo posteriormente uma opinião pessoal sobre as impressões apuradas.


       
            Em termos filosóficos, crítica é uma atitude que consiste em separar o que é verdadeiro do que é falso; o que é legítimo do que é ilegítimo; o que é certo do que é verossímil.
         A crítica é comum a todas as pessoas, pois se trata de uma das mais fortes expressões da cognição humana. A partir do momento em que se vê, escuta ou sente-se algo, imediatamente o nosso senso de juízo delibera pareceres sobre o ocorrido a partir das reações psicológicas trazidas por essas sensações, o próximo estímulo é verbalizar e socializar essas idéias formadas.

       Por exemplo, quando lemos uma obra literária, ela pode ser agradável ou não ao nosso emocional. Instantaneamente construímos um conceito sobre essa obra e criamos uma opinião: ela é boa ou ela é ruim. Isto é uma crítica.


      Como a criticidade envolve fatores psicocognitivos muito pessoais: experiência de vida, conhecimento multidisciplinar, gostos, etc. existe dessa forma neste conceito uma grande subjetividade, ou seja, o que pode ser ótimo para um crítico, pode ser péssimo para outro.
Há pessoas que criticam por criticar, emitem suas opiniões de forma leviana e irresponsável, e o pior, se acha detentoras da verdade absoluta. Tudo isso fruto da própria mediocridade conceitual oriunda da falta de informações produtivas que poderiam enriquecer esses pareceres.
    
       A crítica não tem de ser necessariamente negativa ou contrária a tese formulada, ela pode ser concordante desde que os argumentos apresentados sejam firmados e consonantes com a verdade apresentada.

      Outro parâmetro sobre o critério crítico reside em dois aspectos fundamentais: a análise que é a decomposição do texto em partes, examinando com minúcia as relações existentes entre elas e determinando a conformidade da organização textual, e a síntese que é a reunião dos elementos da construção do escrito em sumário, destacando seus pontos essenciais e obedecendo a seqüência lógica da idéia que o autor possa expressar.     

      Portanto, no caso da leitura, ler e interpretar não são ações suficientes para ampliar os conhecimentos; certamente poderemos dilatar o nicho das informações pessoais, mas sem o senso crítico o leitor poderá lançar uma opinião que não esteja embasada de bons argumentos, embora possa pareçer verdadeira e dotada de certa lógica, mas poderá incorrer no risco da formação de um preconceito.




      Os sofismas são armadilhas que muitos caem por não saberem julgar criteriosamente o caráter do espírito representativo de uma premissa, principalmente quando esta desvirtua a exatidão de uma realidade, transformando-se em dogmatismo.


    Deduzimos então, que a crítica para ser excelente, bem construída, coerente e bem fundamentada, a ponto de formar opiniões, exercer domínio sobre o tema e abrilhantar a matéria, demandará, naturalmente, uma boa bagagem de conhecimento interdisciplinar por parte do crítico, que deverá estar aberto para discutir racionalmente essas idéias; possuir humildade pedagógica a ponto de mudar de opinião, quando for o caso; ter coragem para se expor e também de ser criticado. 

domingo, 31 de outubro de 2010

LEITURA E O MECANISMO COGNITIVO

          Quando falamos em processos cognitivos o complexo humano apresenta uma infinidade de estruturas e elementos capazes de realizar funções mentais diversas, segundo a necessidade que se lhe apresenta. Algumas são puramente instintivas e são ativadas quando existe uma exigência orgânica em face de algum desequilíbrio a ser suprido, como é o caso da fome, sede, dor, etc. Outras se desenvolvem espontaneamente, principalmente quando o indivíduo está inserido no meio social e absorve por osmose algumas atividades dos seus semelhantes próximos; a faculdade da fala é um bom exemplo dessa espontaneidade, a criança aprende a falar interagindo verbalmente com os pais e irmãos mais velhos e amplia seu vocabulário na escola com os outros alunos de classe. Evidentemente que este processo se torna truncado quando se trata de deficientes auditivos e alguns deficientes mentais.
         
          No caso da leitura o aprendizado é invito, o tirocínio, isto é, a prática inicial dessa atividade, não acontece de livre determinação, é necessário que haja uma condução sistemática e na maioria das vezes institucionalizada através de um programa metódico com o objetivo de preparar para esta atividade. O ato de ler exige um trabalho árduo, longo, forçoso, ordenado e progressivo.

          Importante observar que sem a compreensão não há leitura, existe apenas a percepção sensorial.
 
         Nesse tópico vamos analisar a leitura e os principais processos inerentes a esta atividade. Como vimos anteriormente o ato de ler envolve uma série de fatores que interagem entre si formando a mecânica cognitiva. Para melhor compreensão desta matéria vamos apresentar um modelo didático do caminhamento das informações desde a apreensão sensorial até o arquivamento efetivo nas áreas superiores da memória.
 
          A porta de entrada das informações do mundo exterior para a mente ocorre ao nível dos órgãos sensoriais, no caso da leitura escrita essa entrada pode ocorrer de duas formas: através da visão, a mais comum; e através do tato digital, geralmente utilizado por pessoas com alguma deficiência visual.
 
          A captura das imagens ou a percepção tátil de um escrito acontece analogamente como em qualquer objeto, o órgão sensorial recebe as impressões conforme sua função específica e a transcodifica em impulsos nervosos que são levados ao cérebro, por intermédio do arco-reflexo neural, numa cadeia de neurônios exclusiva para essa finalidade.
 
          Ao chegar à área especifica do cérebro que lida com o tratamento dessas informações, inicia-se, então, o processo mental cognitivo de processamento do núcleo da leitura como representação léxico-mental que partem dos níveis visual-ortográfico, passando pelo semântico-interpretativo, gerando a compreensibilidade e por fim o arquivamento erudito.
 
          O primeiro nível desse processo é denominado de memória seccional ou memória volátil, neste ambiente as informações são assimiladas por um curto período de tempo em virtude de que sua principal função é de armazenar e repassar imediatamente aquilo que é captado pelos órgãos sensores.
 
          Nesse estagio abrigamos os dados de ilação imediata, que são processados em forma de “pacotes” de informação enviados para o nível imediatamente superior, sem a preocupação de análise ou interpretação do que está recebendo.
 
          Essa memória, dependendo da eficiência do leitor, faz o reconhecimento dos dados inicias e secciona-os, ou seja, letra por letra, silaba por silaba, palavra por palavra ou mesmo por blocos de palavras como no caso da leitura dinâmica. Sendo que a média de armazenagem é de quatro unidades significativas: letra, silaba ou palavra.
 
          Exemplificado a dinâmica dessa memória vamos verificar uma situação hipotética: um indivíduo que só consegue ler as palavras letra a letra, este terá grande dificuldade em decifrar palavras maiores como paralelepípedo, cuja leitura se dará da seguinte forma p-a-r-a-l-e-l-e-p-í-p-e-d-o, quando se estiver lendo l-e-p-í, já estará esquecido o começo da palavra, pois estas letras estão colocadas entre a sétima e a décima unidades significativas, ficando as primeiras sem sentido para os níveis superiores, conseqüentemente não conseguirá lê-la. O mesmo acontece nos outros casos sendo um pouco mais complexo, isso porquê os mecanismos que formam o reconhecimento das frases se encontram débeis e o encadeamento processual é rompido eliminando assim o exercício da leitura.
 
         Comparativamente são os editores de textos atuais dos computadores, na medida em que o usuário vai construindo o texto a interface inicial apenas interage teclado e monitor (memória seccional), em seguida quando já se tem um grupo de palavras ou ao passar certo intervalo de tempo, o próprio programa do editor lança os dados numa memória mais perene (níveis superiores da memória), evitando assim a perca de dados por uma falha acidental ou por falta de energia elétrica.
 
 
          O próximo nível é denominado de memória intermediária que é o elemento de ligação entre a memória seccional e a memória semântica. Nesta área cognitiva estão as informações mais recentes e usuais, ou seja, o repositório do nosso vocabulário usado no dia-a-dia, portanto, é o local onde se dá a compreensão imediata dos dados recém chegados, pois lá existe uma série de elementos comparativos que darão o sentido e decifração ao que se está lendo.
 
          Quando a compreensibilidade acontece de forma precária, essa memória trava obrigando o leitor a parar e reler o texto escrito, se isso acontece mais vezes surge a partir daí uma reação de repulsa mental induzindo o indivíduo a abandonar a leitura. É por isso que o exercício de ler requer perseverança e treinamento constante, caso contrário, como somos compelidos a agir pelo menor esforço, certamente, desistiremos deste hábito tão salutar.
 
          Um ponto positivo da memória intermediária é a capacidade de inferência, isto é, a capacidade de dedução ou “adivinhação’’ do que se está lendo; quando o leitor é hábil ele não precisa ler a palavra completa para compreendê-la semanticamente, ou seja, sua relação de significação no sentido enunciado. Para isso as primeiras e ultimas letras já são suficientes.
 
          Em níveis mais elevados de leitura a inferência permite que se decifrem blocos de frases inteiros sem afetar a percepção e de tal forma que a compreensão seja satisfatória do conteúdo escrito: é o que acontece na leitura dinâmica.
 
          Com a finalidade de observar melhor a ação da inferência no mecanismo cognitivo, vamos nos valer dos anagramas alfanuméricos da ilustração a seguir onde letras e números estão misturados de forma proposital e não aleatória.
 
          Para melhor visualização do conteúdo da ilustração 01 e obtermos um resultado a contento do que queremos provar, permitimo-nos sair do padrão de formatação oficial, ou seja, utilizamos fonte, tamanho da fonte, recuo, espaçamento e alinhamento diferentes da estabelecidas pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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3M D14 D3 V3R40, 3574V4 N4 PR414, 0853RV4ND0 DU45 CR14NC45 8R1NC4ND0 N4 4R314. 3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0 UM C4573L0 D3 4R314, C0M 70RR35, P4554R3L45 3 P4554G3NS 1N73RN45. QU4ND0 3575V4M QU453 4C484ND0, V310 UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0, R3DU21ND0 0 C4573L0 4 UM M0N73 D3 4R314 3 35PUM4.
 
4CH31 QU3, D3P015 D3 74N70 35F0RC0 3 CU1D4D0, 45 CR14NC45 C41R14M N0 CH0R0, C0RR3R4M P3L4 PR414, FUG1ND0 D4 4GU4, R1ND0 D3 M405 D4D45 3 C0M3C4R4M 4 C0N57RU1R 0U7R0 C4573L0. C0MPR33ND1 QU3 H4V14 4PR3ND1D0 UM4 GR4ND3 L1C40;
 
G4574M05 MU170 73MP0 D4 N0554 V1D4 C0N57RU1ND0 4LGUM4 C0154 3 M415 C3D0 0U M415 74RD3, UM4 0ND4 P0D3R4 V1R 3 D357RU1R 7UD0 0 QU3 L3V4M05 74N70 73MP0 P4R4 C0N57RU1R. M45 QU4ND0 1550 4C0N73C3R 50M3N73 4QU3L3 QU3 73M 45 M405 D3 4LGU3M P4R4 53GUR4R, 53R4 C4P42 D3 50RR1R! S0 0 QU3 P3RM4N3C3 3 4 4M124D3, 0 4M0R 3 C4R1NH0.
 
0 R3570 3 F3170 D3 4R314

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Ilustração 01 - Fonte:
Blog Pelotas Vip
 
          A primeira reação quando vemos esse quadro é de procurar ler as unidades significativas uma a uma, ou seja, as letras e os números individualmente, o que naturalmente não trará nenhum sentido. Inicia-se então a ativação da memória seccional que não conseguirá formar os “pacotes” de informação de forma lógica para o nível superior, pois, percebemos apenas caracteres alfanuméricos misturados e sem cabimento seja lexical ou textual.
 
          Com um pouco mais de cuidado e rapidez, passamos a compreender que existe uma mensagem implícita nesse texto, e com o percorrer mais rápido da vista fica ainda mais fácil decifrar o que está escrito, até que a partir da segunda linha o escrito se revela mais claro e a leitura está inteiramente proveitosa.
 
          É isso que acontece por ação da memória intermediária; uma vez repleta de elementos comparativos com dados de uso freqüente, imediatamente faz as correlações das possibilidades do anagrama dando-lhe um sentido lógico formulando as palavras e frases resultando na coerência ao texto.
 
          A experiência pessoal com alguns indivíduos do nosso convívio particular, quando mostrado esse texto, de maneira empírica e sem a intenção de formular dados estatísticos ou qualquer princípio de levantamento cientifico, nos revelou algumas observações interessantes:
 
  • Um leitor mediano apresenta maior dificuldade de perceber a formulação textual do que um leitor hábil; 
  • A percepção inicial dos anagramas em palavras, em todos os casos, demandou certo período de tempo conforme a habilidade individual. Isso acontece em virtude de que os leitores ainda estavam presos aos padrões sintáticos da língua portuguesa;
  • Com a compreensão já efetivada associada à velocidade com que os olhos percorrem as linhas, o leitor tem a ilusão de ótica que não existem números, apenas letras formando as palavras.
 
          Outro aspecto interessante é a solução de palavras cruzadas: primeiramente o indivíduo tem um guia ou uma pista que é a deixa para se achar o vocábulo incógnito, em seguida a quantidade de letras representada por quadrinhos e por fim as letras comuns de duas ou mais palavras que se cruzam. Com a inferência a solução se dá de maneira automática, sem precisar na maioria das vezes ler o guia para se descobrir o vocábulo oculto
 
          Uma faceta a ser observada, reside no fato de que a memória intermediaria não apenas realiza comparações lexicais, mas também em formas, cores, objetos, texturas e tudo mais relativo às imagens. Isso muitas vezes provoca algumas impressões: determinadas fontes, por exemplo, podem causar determinada Influência que pode repercutir no ânimo ou no humor do leitor, isto é, têm a condição de dar a impressão de medo, de brincadeira, de seriedade, de alento, de romantismo, etc., por essa razão os especialistas em marketing quando querem causar algum efeito em suas propagandas, dependendo da finalidade específica, escolhem uma fonte gráfica adequada em forma, textura e cor de modo que possa chamar a atenção do espectador e despertar-lhe atenção em seus objetivos.
 
          A indução ocorre quando a memória intermediaria é estimulada; correlaciona a imagem escrita com o acervo de informações prévias e induz o sujeito a uma reação psicológica equivalente ao estímulo efetuado, gerando assim uma reação emocional por obtenção desse processo.
 
          O último estágio cognitivo é denominado de memória profunda, memória semântica ou memória longo termo. Esta área é responsável pelo arquivamento, organização e regramento das informações obtidas e processadas pela memória intermediária, em uma palavra: a erudição, isto é a instrução vasta e variada, adquirida, sobretudo pela leitura.
 
         O real funcionamento da memória semântica como um todo e os processos envolvidos é motivo ainda de estudos exaustivos, a compreensão e a constatação das aplicações que encerram as ações dessa área cerebral é alvo de inúmeras teorias, pois muitas de suas atividades representam um enigma para a ciência. Mesmo assim com o pouco que se sabe, é fascinante vislumbrar todos esses processos que refletem a inteligência, habilidades e competências do ser humano.
 
          Dotada de três incumbências essenciais, a memória semântica tem como primeiro papel organizar todas as informações que a ela chegam, fazendo uma triagem complexa, formando diversas seqüências associativas, conforme seu interesse e a capacidade de ordenação, esse fenômeno entra em consonância com o grau intelectual do indivíduo, ou seja, um homem letrado tem maior condição de seqüenciar informações nessa memória gerando uma leitura e assimilação proficiente, já o mediano sente-se confuso por falta de elementos instrucionais suficientes para uma boa decifração.
 
          Esse trabalho é semelhante ao de um bibliotecário virtual que tem em seu poder uma vasta e heterogênea coleção literária de informes; com a habilidade de triar, arquivar, formar e desenvolver um diretório, realizar buscas quando solicitadas e traçar hipertextos para relação mútua entre dois ou mais termos.
 
          O arquivamento é seletivo e personalizado, cada pessoa tem seu próprio esquema de resguardar as informações com características próprias em seus aspectos: visual, olfativo, tátil, palatal, emocional, instrutivo, etc. de tal forma que esse acervo pode datar dos acontecimentos da vida intra-uterina, alem de ter uma continência incalculável.
 
          O regramento é outra característica importante. Essa memória tem como predicado estabelecer a regência do fluxo das informações: os dados que entram como serão processados e armazenados; e os que saem como correlacioná-los com outras ações cognitivas e resultar em um determinado efeito.
 
          A leitura de um romance, por exemplo, pode levar o leitor a sentir diversas emoções: tristeza, alegria, graça, raiva, etc. dependendo de como o autor narra seu escrito. Mesmo se tratando de uma ficção as reações emotivas eclodem em virtude do processo de interação correlacionado através da memória semântica com os conhecimentos e experiências vividas pelo sujeito e de que forma as lembranças parciais ou efetivas vão influenciar no caminhamento dessa leitura, induzindo as fantasias e devaneios.
 
          O conhecimento técnico é ampliado também nessa memória. Iniciando por noções elementares que vão se somando a outros dados à medida que novas informações vão sendo adquiridas. A memória semântica seqüencia, relaciona e dá sentido a esse conhecimento, provendo-o de elementos cognitivos capazes de fornecer o reconhecimento imediato de sua aplicação dentro de um determinado contexto.
 
          Em suma, para nossa fixação da mecânica cognitiva da leitura apresentamos o seguinte esquema na ilustração 02:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fluxo do impulso nervoso e das informações.